domingo, 14 de novembro de 2010

As crianças, a modernidade e outras coisas...



Estava navegando por aí e resolvi dar uma atracada no blog da Rosely Sayão. Pelo que pude ver, faz tempo que ela não posta nada novo lá. Mas os textos já postatos sempre revelam algo de extremamente elucidativo, mesmo quando lidos pela milésima vez (exagero!). Como mãe e professora que sou, fico extremamente feliz ao ler coisas deste tipo:

"Decidimos colocar as crianças sob intensa pressão: elas precisam aprender a se comportar assim que os pais ensinam, elas precisam gostar de estudar e ter êxito na escola, elas devem aproveitar bem o que os pais lhe oferecem e demonstrar gratidão por isso e, principalmente, corresponder à expectativa de sua família.

Mas criança não aprende de primeira e, mesmo depois que aprende algo, irá transgredir e desafiar; criança gosta mesmo é de brincar, e não de estudar; criança acha que os pais têm obrigação de lhe dar tudo o que ela quer; criança não tem autocontrole e gosta de experimentar.

Num mundo em que a infância está desaparecendo e em que os adultos teimam em parecer juvenis, é quase uma impertinência a criança se comportar como tal, dar trabalho, exigir paciência e persistência dos adultos que a educam.

E é por essa razão que, todos os dias, muitas crianças sofrem: apenas porque são crianças e os adultos se impacientam com isso. Hoje, alguns comportamentos delas são considerados síndromes, doenças, desajustes que exigem cuidados especializados e medicação.

Há muitas maneiras de se maltratar uma criança. Uma delas é não suportar que ela se comporte como criança."

Feliz por saber que existem portas e pessoas que as constróem através de suas reflexões para que possamos sair desse mar lamacento em que nos encontramos hoje. Temos MUITA informação, mas não sabemos o que fazer com ela. Temos muitas referências, mas poucas realmente sólidas. Estamos perdidos e cada vez mais adoecemos de "modernidade". Construção típica de nossa sociedade "moderna", achamos que temos que correr o tempo todo atrás da máquina, sem percebermos que esta máquina é na verdade uma esteira e que no final das contas (ou da vida, na pior das hipóteses) nunca saímos do mesmo lugar em que estávamos desde o início.
Acredito que o conhecimento esteja se revelando de forma muito mais intuitiva do que racional. É só "fechar os olhos e deixar o corpo ir no ritmo", como já dizia Lulu Santos. É só ouvir o som da máquina girando sob nossos pés. E depois, pular dessa "racionalidade" maluca e doentia, respirar fundo e andar com as próprias pernas, cabeça, coração e todo o resto... Enfim, temos muito o que aprender com as crianças!

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