domingo, 26 de setembro de 2010

Sobre as escolhas e os ideais.

Nestes tempos de eleições, sempre me vem à cabeça Brecht. É que a gente escuta milhares de pessoas cheias de "argumentos" para odiar política, para dizer que tudo é igual e que, por via das dúvidas, é melhor (ou mais seguro) votar na direita... Quando a direita envergonha, com as suas diversas nuances nazi, então é melhor achar alguém "mais ou menos". Alguém que, no fundo, represente "mais ou menos" nada. Ou algo nebuloso, indefinível, mas que, pelo menos, se coloque do outro "lado".
A(s) minha(s) escolha(s), claro, já está(ão) feita(s). Tanto de projeto quanto de candidatos. Ela não deixa de ter contradições e falhas como QUALQUER outra e, com certeza, não é a ideal. Por que, se fosse a ideal, não teria contradições e falhas. E se a ideal, que eu sonho, viesse a ser colocada em prática, não seria mais a ideal e sim cheia de contradições e falhas. E aí, eu teria que ir mais além, teria que buscar novas opções. E no fundo, assim é a vida, em tudo. Nunca teríamos que melhorar se tudo fosse perfeito. E afinal, que define o que é "perfeito"?
A propósito, minha escolha é por Dilma, Tarso, Paim, Abigail, Zulke e Raul.
Hasta!

O analfabeto político

O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa
dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista, pilantra,
o corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

Texto de Bertold Brecht, escritor e teatrólogo alemão (1898/1956)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lula e a mídia

O Brizola Neto postou no Tijolaço. Lula em entrevista para jornalistas do Terra.
No comício em Curitiba o Lula falou em mensagem direta para a mídia: “Eles são os democratas. Os donos do engenho são os democratas e os moradores da senzala são contra a democracia?”
Nesta entrevista, ele diz: "No Brasil - foi o Cláudio Lembo que disse isso para o Portal Terra -, a imprensa brasileira deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e tem um partido. Seria mais simples, seria mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada".
A entrevista inteira está lá no Terra. Vale a pena!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O mensalão da Editora Abril

É claro que essa informação não vai sair na Veja (vulgo Óia), mas dava uma bela capa... poderia ser aquela do Serra sorrindo mesmo ( O Brasil pós Lula). A capa da capa. Já diz tudo!

Altamiro Borges *

Adital

Numa minuciosa pesquisa aos editais publicados no Diário Oficial, o blog descobriu o que parece ser um autêntico "mensalão" pago pelo tucanato ao Grupo Abril e a outras editoras. Veja algumas das mamatas:
- DO [Diário Oficial] de 23 de outubro de 2007. Fundação Victor Civita. Assinatura da revista Nova Escola, destinada às escolas da rede estadual. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 408.600,00. Data da assinatura: 27/09/2007. No seu despacho, a diretora de projetos especial da secretaria declara ‘inexigível licitação, pois se trata de renovação de 18.160 assinaturas da revista Nova Escola’.

- DO de 29 de março de 2008. Editora Abril. Aquisição de 6.000 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 2.142.000,00. Data da assinatura: 14/03/2008.

- DO de 23 de abril de 2008. Editora Abril. Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 30 dias. Valor: R$ 2.437.918,00. Data da assinatura: 15/04/2008.
- DO de 12 de agosto de 2008. Editora Abril. Aquisição de 5.155 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 1.840.335,00. Data da assinatura: 23/07/2008.

- DO de 22 de outubro de 2008. Editora Abril. Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 4.363.425,00. Data da assinatura: 08/09/2008.

- DO de 25 de outubro de 2008. Fundação Victor Civita. Aquisição de 220.000 assinaturas da revista Nova Escola. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 3.740.000,00. Data da assinatura: 01/10/2008.

- DO de 11 de fevereiro de 2009. Editora Abril. Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 2.498.838,00. Data da assinatura: 05/02/2009.

- DO de 17 de abril de 2009. Editora Abril. Aquisição de 25.702 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 608 dias. Valor: R$ 12.963.060,72. Data da assinatura: 09/04/2009.

- DO de 20 de maio de 2009. Editora Abril. Aquisição de 5.449 assinaturas da revista Veja. Prazo: 364 dias. Valor: R$ 1.167.175,80. Data da assinatura: 18/05/2009.

- DO de 16 de junho de 2009. Editora Abril. Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do Estudante e de 25.000 exemplares da publicação Atualidades - Revista do Professor. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 3.143.120,00. Data da assinatura: 10/06/2009.

Negócios de R$ 34,7 milhões

Somente com as aquisições de quatro publicações "pedagógicas" e mais as assinaturas da Veja, o governo tucano de José Serra transferiu, dos cofres públicos para as contas do Grupo Civita, R$ 34.704.472,52 (34 milhões, 704 mil, 472 reais e 52 centavos). A maracutaia é tão descarada que o Ministério Público Estadual já acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.

Esta "comprinha" representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do ‘barão da mídia’ Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao Grupo Abril. O tucano Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do ‘Guia do Estudante’, outra publicação do grupo.


* Jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB - Partido Comunista do Brasil

domingo, 19 de setembro de 2010

EUA está perdendo o controle em todas as partes do mundo.

MARAVILHOSA entrevista de Noam Chomsky para o TeleSUR. Apesar de estar em espanhol, vale muito a pena o esforço!

Quisiera comenzar preguntándole sobre Irán, Estados Unidos está presionando para que el Consejo de Seguridad de la ONU (Organización de Naciones Unidas) imponga sanciones más duras ¿Hacia dónde va Estados Unidos o Israel, podría invadir o atacar a Irán?

Israel no es predecible. Particularmente en los últimos dos años ha estado compartiendo en maneras muy irracionales, con mucha paranoia en una situación en la que no se puede saber que van a hacer. No creo que ni ellos saben que van a hacer. Están llegando a un punto donde podrían no tener otra salida salvo bombardear a Irán. Pero no lo pueden hacer sin el apoyo de Estados Unidos. Así que la pregunta es si EE.UU. lo autorizará.

Técnicamente, Israel lo podría hacer. Tienen submarinos con misiles nucleares sumergidos profundamente en el Golfo de Pérsico que consiguieron de Alemania.

Teóricamente, podrían atacar a Irán sin pasar por el espacio aéreo. Pero casi todos los ataques que se pueden concebir pasarían por el espacio aéreo de algún país, así que sería difícil que lo hagan sin algún tipo de autorización, por lo menos tácita. Turquía no la va a otorgar. La pregunta es si EE.UU. la otorgaría sobre Irak. Y la otra pregunta es Arabia Saudita. Es concebible que lo intentaría. Yo creo que sería una locura. ¿Y los EE.UU.? (Barack) Obama, quien ha escalado los programas de (George W.) Bush, junto con sus asesores, también se están metiendo en una situación donde podrían no tener una opción. Porque han creado esta idea de la amenaza de Irán. La isla más importante es Diego García, una isla africana donde Gran Bretaña expulsó a todos los habitantes para que EE.UU. pudiera construir una base militar grande, y es una de las bases militares para atacar al medio oriente en Asia Central. Y Obama ha escalado allí. Ha enviado cientos de artillería con penetración profunda llamada "rompe-búnkers" Que están apuntados hacia Irán. Envió instalaciones para apoyar a submarinos nucleares con misiles Tomahawk. Todo esto representa una amenaza directa a Irán. Y las sanciones estadounidenses se están poniendo más duras. Pero es llamativo que afuera de Europa y Japón nadie les está prestando mucha atención. Esos países están de acuerdo con ser sirvientes a EE.UU.

No es el caso en el resto del mundo. Los países no alineados, que es la mayoría de los países en el mundo, han apoyado fuertemente al derecho de Irán de enriquecer el uranio. Pero nadie les presta atención. Son las colonias. Pero es cada vez más difícil de evadir. Turquía, el poder regional más importante, está construyendo oleoductos a través de Irán. Está aumentando el comercio con Irán. Han opuesto las sanciones. Pakistán acaba de abrir oleoductos a Irán. Pero lo que más le preocupa a EE.UU. es China. China simplemente no presta atención a las ordenes de EE.UU. Y si crees que eres dueño del mundo, esto te va a dar miedo. De hecho, el Gobierno de Obama se está desesperando por esto. Apenas hace un par de semanas, el Departamento de Estado emitió advertencias a China, diciéndole si quiere ser aceptado al mundo civilizado, tiene que cumplir con sus responsabilidades internacionales. ¿Qué son las responsabilidades internacionales? Seguir las ordenes de EE.UU. Obedecer las sanciones de EE.UU. Esas sanciones no tienen ninguna fuerza ni siquiera, excepto tienen los medios de la violencia detrás de ellas.

China está contento de obedecer las sanciones de la ONU (Organización de Naciones Unidas) porque son débiles. EE.UU. no puede hacer que aprueben sanciones serias en la ONU. Así que, China aprueba las sanciones de la ONU y no tienen ninguna responsabilidad de seguir las sanciones de EE.UU. Lo más probable es que se están riendo en la Cancillería china porque EE.UU. no puede hacer nada.

Igual a Rusia, siguen con sus relaciones económicas. Están desarrollando sus terrenos de gas natural, etcétera. Es probable que China esté de acuerdo con las sanciones de EE.UU. porque abre las oportunidades económicas a ellos. No tienen que competir con empresas de EE.UU. y Europa. Y las empresas estadounidenses y europeas probablemente estén furiosos por esto. Pero es una política de Estado. También está pasando con las maniobras navales. China ha estado protestando que EE.UU. ha estado haciendo maniobras navales cerca de la costa de China. Estaban muy molestos por el plan de enviar un Aircraft portaviones nuclear Avanzado, nombrado el George Washington, al Mar Amarillo con la capacidad de atacar a Beijing (capital china) con misiles, según los chinos. Aquí en EE.UU. no lo dan importancia. Pero nosotros no reaccionaríamos de esta forma si China estuviera llevándose a cabo maniobras en el Caribe. De hecho, la reacción de EE.UU. es muy interesante, tanto el Gobierno como la prensa. China no está siendo razonable. Están interfiriendo con la libertad de los mares, es decir, nuestra libertad de llevarse a cabo maniobras militares cerca de su costa.

Por supuesto, nadie más tiene ese derecho, sólo nosotros. Y están interfiriendo posiblemente con nuestro despliegue avanzado cerca de su costa. Nadie tiene ese derecho cerca de nuestra costa. Todas estas cosas son reflejos de una ideología imperialista profundamente arraigada que dice que es nuestro mundo, nosotros somos los dueños, y si alguien interfiere con nuestro derecho de hacer lo que queramos, es su culpa. Y cuando China no lo acepta, China es considerado una amenaza. No siguen ordenes y ejercen su propia soberanía y esto no se puede tolerar. Y si volvemos a Irán, es la misma cosa.

El lunes, el Wall Street Journal anunció que EE.UU. está acelerando sus planes para un envío enorme de armas a Arabia Saudita. Helicópteros, aviones F-15, etcétera, diseñado cuidadosamente para que Israel consiga las armas avanzadas y Arabia Saudita consiga las armas de inferiores. Sin embargo, es enorme. Tal vez la venta de armas más grande en la historia. Supuestamente es para defenderse contra Irán. ¿Pero que es exactamente la amenaza iraní? Es interesante. Siempre se habla de esto.

Es considerado por los analistas de la política al exterior de EE.UU. y por el Gobierno estadounidense de ser un problema más grande para el orden mundial. De hecho, se ha llamado el año de Irán porque es un problema tan grande. ¿Así que, cual es la amenaza? De hecho, tenemos una respuesta definitiva a esto.

Desgraciadamente los medios no la cubrirán. Pero está. Cada año, el Pentágono y los Servicios de Inteligencia en EE.UU. entrega informes al Congreso analizando la situación global de seguridad.

Acaban de hacerlo en abril pasado. Hay una sección sobre Irán. Lo que dicen es muy interesante y por eso los medios no lo cubren. Dicen que Irán tiene gastos militares muy bajos, incluso en comparación con otros países en la región. Así que no está claro por que Arabia Saudita necesita helicópteros y F-15. Irán no tiene prácticamente ninguna capacidad de despliegue fuerzas al extranjero. Su doctrina militar es puramente defensiva diseñada para postergar una invasión de Irán por suficiente tiempo para permitir la diplomacia.

Los informes afirman también si Irán está desarrollando una capacidad nuclear, que no quiere decir una arma nuclear necesariamente, sería parte de la estrategia de una fuerza disuasoria. Necesitan una fuerza disuasoria lo cual no es sorprendente porque hay dos países en sus fronteras ocupados por una superpotencia hostil, Israel y Pakistán tienen armas nucleares. Así que están en una situación de peligro. Así que, se supone que esto sería parte de su estrategia de una fuerza disuasoria, si lo están haciendo. ¿Así que, cual es la amenaza? Los informes explican la amenaza. La amenaza es que están ejerciendo su soberanía. Están intentando a extender su influencia en los países vecinos, en Afganistán y Irak. Y esto no se puede tolerar porque nosotros somos los dueños de esos países. Si nosotros invadimos a estos países, está bien. Pero si ellos intentan a influenciarlos, se llama la desestabilización. Imponemos la estabilidad. Es una terminología común. Es tan común que un editor de una publicación de relaciones internacionales una vez escribió sobre el golpe de estado en Chile contra Allende que desgraciadamente tuvimos que desestabilizar a Chile para establecer la estabilidad. Y no se estaba contradiciendo porque tuvimos que desestabilizar al echar al gobierno e imponer una dictadura y el resultado es la estabilidad porque el nuevo gobierno sigue ordenes. Es su visión del mundo. Cada artículo del periódico que lees, cada publicación académica sobre las relaciones internacionales, se dan por sentado esta perspectiva. Y es una perspectiva natural si crees que eres dueño del mundo. Y si ves los documentos internos de EE.UU. tiene sus orígenes desde hace muchos tiempo a la segunda guerra mundial cuando los asesores de Roosevelt se dieron cuenta de que EE.UU. iba a salir de la guerra como un poder mundial dominante reemplazando a Gran Bretaña. Y establecieron directrices que son explícitos y nunca son discutidos porque son demasiados explícitos. Dicen que EE.UU. debe controlar un área vasto, por lo menos el hemisferio occidental, el anterior imperio británico, que incluye el medio oriente, el extremo oriente, y tal vez más, y dentro de esa área, ningún país puede ejercer su soberanía si interfiere con los planes de EE.UU., EE.UU. debe tener poder absoluto.

Profesor Chomsky ¿El imperio de Estados Unidos se está acabando?

Ahora estamos en un momento dramático porque EE.UU. está perdiendo el control en todas partes. El Medio Oriente es el lugar más importante. Pero China es otro caso, y también lo es el hemisferio occidental.

Siempre se ha dado por sentado de que el llamado patio trasero estaría bajo control. Si te fijas en los documentos internos durante los años de (Richard) Nixon, cuando estaban planificando el derrocamiento del Gobierno de (Salvador) Allende (ex presidente chileno derrocado por el dictador Augusto Pinochet), dijeron directamente si no podían controlar a América Latina, como iban a controlar el resto del mundo.

Ya no pueden controlar a América Latina. De hecho, paso por paso, América Latina, por primera vez, está acercándose a la independencia y la integración. No hubo mucha cobertura, pero en febrero pasado, cuando formaron la nueva organización que excluye a EE.UU. y Canadá, es una cachetada.

Por ahora, sólo es formal. Pero si llega a ser operativo, elimina la OEA (Organización de Estados Americanos), que es dirigido por EE.UU. Es como si dijeran a EE.UU. que se retire de nuestros asuntos. Y hay otros pasos que se están tomando. Por ejemplo, China ha superado a EE.UU. como importador de Brasil y probablemente lo superará como socio comercial. Es una noticia grande.

Profesor Chomsky en el caso de Honduras, el golpe de Estado del año pasado ¿Este no fue un golpe duro para la Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA) y una gran victoria para Estados Unidos?

Sur América ha avanzado hacia la independencia y la integración. UNASUR (Unión de Naciones Suramericanas), por ejemplo, no es una organización sólo escrita en papel. No hace mucho, pero sí objetó a las bases estadounidenses en Colombia. Apoyó a (presidente boliviano, Evo) Morales cuando estaba bajo ataque de la vieja élite en las provincias del este.

El Banco del Sur podría llegar a tener importancia y Mercosur (Mercado Común del Sur) se está formando. Así que Sur América ha estado saliendo del control de EE.UU., lo cual ha sido muy significativo. Pero Centroamérica ha estado bajo control hasta ahora. Fue devastado por las guerras terroristas de (Ronald) Reagan, incluyendo a Honduras, y apenas está emergiendo de esto. Pero había estado disciplinado por EE.UU.

Nicaragua ha sido un poco diferente, pero tampoco le ha molestado mucho a EE.UU. Honduras es serio. Y una razón es la base aérea de Palmerola. Es la única base militar importante que EE.UU. tiene en esa región. Fue la base principal para atacar a Nicaragua durante la guerra de las Contra. Y EE.UU. quiere mantenerlo. Y como has dicho, Honduras es la república bananera tradicional. Si no podemos mantenerlo, estamos en problemas serios.

Así que, Obama apoyó al golpe de Estado taimadamente. En las palabras, estábamos en contra, pero con las acciones, mostraron que lo apoyábamos. Y lograron hacerlo. Fue un golpe de Estado militar exitoso. Pero si haces una comparación con el pasado, la forma por la cual se llevó a cabo explica mucho.

En años pasados, si EE.UU. quería apoyar un golpe de Estado militar, simplemente diría a las Fuerzas Armadas que echaran al Gobierno, y lo hizo por sí mismo. Esta vez, se vieron obligados de hacerlo en una forma taimada e indirecta que podría llegar a ser aprobado en Europa.

Europa es tan obediente a EE.UU. Europa podía decir que no le gustaba, pero se podía decir que se mantenía dentro de la ley, lo cual no es verdad por supuesto. Pero no pudieron hacer algo así en el resto del mundo y no lo pudieron hacer como lo hacían en el pasado.

Son señales de la debilidad creciente de EE.UU. de imponer lo que llaman la estabilidad en el hemisferio. Si te fijas en esta década, ha habido tres intentos de golpe de Estado. El primero en Venezuela, apoyado abiertamente por EE.UU., fue revertido. El segundo, en Haití, EE.UU. logró llevarlo a cabo. EE.UU. Francia y Canadá de hecho se llevaron a cabo un golpe militar en Haití. Secuestraron al presidente y lo enviaron a África central y proscribió su partido, que ganaría cualquier elección. Fue un golpe de Estado militar verdadero. Haití es un Estado débil así que pudieron hacerlo. Y el tercero fue Honduras.

Son tres en una década. Pero no tiene nada que ver con la época cuando EE.UU. pudo derrocar a gobiernos a su antojo.

Nada que ver, por ejemplo, con John F. Kennedy, quien pudo organizar un golpe de Estado militar en Brasil, que sucedió justo después de su asesinato, pero fue organizado por los Kennedy, y Brasil es un país grande, no es un lugar pequeño, y no fue un problema grande. Instalaron uno de los primeros países asesinos de seguridad nacional que después se extendieron como una plaga por todo el continente.

Estos días se han acabado. Y está causando mucha preocupación entre los formadores de la política al exterior de EE.UU. Incluso un país tan poderoso como EE.UU. ya no puede mantener el tipo de dominación mundial que fue diseñada después de la segunda guerra mundial e implementada a gran medida.

Profesor Chomsky usted escribió un libro muy importante hace 20 años sobre la fabricación de consenso hecho por grandes medios comerciales ¿La capacidad de estas empresas de controlar el pensamiento de las personas ha cambiado en esta época?

Tomamos los ejemplos de Telesur, RT, Press TV o Al Jazeera, que es lo más grande. Veamos un ejemplo real, como la invasión israelí de Gaza, lo cual fue una invasión israelí y EE.UU. de Gaza porque EE.UU. participó plenamente. Fue posible conseguir cobertura en vivo 24 horas de Gaza de Al Jazeera. Y había dos pueblos en EE.UU. donde se podía ver. Uno está en Michigan (centro-norte) donde hay una población árabe grande y el otro es un pueblo pequeño en el norte de Nueva Hampshire.

En el resto del mundo, pudo ver cobertura 24 horas del evento más importante de ese período de tiempo. En EE.UU., no fue prohibido. Si por si acaso estabas en esos pueblos, lo podías ver en la televisión por cable. Si estabas suficientemente inteligente para encontrarlo por Internet, lo podías encontrar por Internet. Pero en cuanto al impacto sobre la población tenían más éxito los que vivían en la Unión Soviética. Había mucho más gente escuchando a la BBC en la Unión Soviética, escuchando a fuentes en el extranjero.

Grandes cantidades estaban consiguiendo sus noticias de la BBC y la Voz de América. Sabemos esto de estudios que se han hecho. Aquí, esta voz alternativa está, y sabes que buscas y haces un esfuerzo, puedes encontrarlo. Esto es bueno, pero sólo algunos se aprovechan.

El Internet tiene mucho valor si sabes lo que estás haciendo. Pero para la mayoría de la población, es como si tú quisieras ser biólogo y yo dijera que vayas a la biblioteca de Harvard y leas todas las revistas sobre la biología. No vas a aprender nada. Están allí. Pero tienes que saber que estás buscando. Y las personas en EE.UU. no saben porque ha habido una campaña sumamente exitosa especialmente en los últimos 20 años de atomizando a la gente, y de subordinarlos.

Profesor Chomsky el cambio climático, la posibilidad de una guerra nuclear, la crisis alimentaria, los desastres naturales, en este sentido el mundo es aterrador ¿Usted tiene esperanza?

Lo más llamativo es que casi no hay una forma de abordar al cambio climático con las instituciones ya existentes. EE.UU. realmente no tiene un sistema de mercados, ningún país podría sobrevivir con un sistema de mercados. Pero tiene un sistema de mercados parcial. Y al grado que funciona un sistema de mercados, te has perdido. Si eres ejecutivo de una empresa, estás obligado por la ley de maximizar las ganancias del corto plazo y de ignorar las externalidades, por ejemplo, el destino de la especie humano.

No lo haces porque eres una mala persona, tal vez te importa el destino de la especie. Pero no te puede importar en tus negocios. Si decides ser una persona decente, estás afuera, y se incorpora a otra persona que va a hacer lo que se requiere institucionalmente. El efecto en EE.UU. es que hay campañas de propaganda importantes dirigidos por el mundo de negocios que intentan convencer a la gente que se olvide. O que no está pasando, o que los humanos no tienen que ver, o lo que sea. Es una sentencia de muerte.

Y las mismas personas que se está llevando a cabo estas campañas, lo saben bien. Saben igual que yo, tú y otros que es muy serio. Pero están atrapados. Están en esta estructura institucional y no pueden salir. Y esto es serio. Si ves al mundo, hay dos trayectorias. Hay la trayectoria que está siendo perseguido, lentamente, entrecortado, en América Latina hacia más independencia, hacia los problemas internos horrendos de la pobreza masiva, y el sufrimiento y la desigualdad. Hay pasos tímidos hacia esto. Es una trayectoria positiva. Hay otra trayectoria que conduce a la destrucción. El cambio climático es un caso. La guerra nuclear es otro. Y hay otros. La pregunta es cual trayectoria va a terminar dominando. No tiene sentido especular.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O saber ancestral


Uma bela matéria que saiu na Carta Capital hoje e que nos faz refletir sobre as nossas bibliotecas incendiadas diariamente, jogadas no esquecimento dos asilos ou rechaçadas do nosso quotidiano sob o argumento de serem "um atraso" para a modernidade, que tem que ser sempre rápida e eficiente. A lógica é: se eles não podem correr atrás, então que fiquem no passado.
Leia e reflita!

O saber ancestral dos indígenas
Rota Inca9 de setembro de 2010 às 9:20h
O respeito e admiração pelos idosos é indissociável da cultura indígena sul-americana

Logo no primeiro dia da expedição Ruta Inka 2010, na Bolívia, estivemos alojados no centro comunitário da cidade de Tiahuanaco, que guarda as ruínas e sabedoria de um dos mais avançados povos ameríndios. Ali tive os primeiros contatos e algumas poucas conversas com os reservados aymaras, que trajavam sua bela vestimenta típica. Um dos líderes locais, Eusebio Mamani Choque, nos falava do resgate dos valores tradicionais que vem sendo feito desde a chegada de Evo Morales à presidência do país. Explicava as unidades organizativas indígenas -ayllu, marka e suyo- que estão sendo resgatadas pelos povos e reconhecidas pelo Estado. Os ayllus são comunidades pequenas que mantém laços familiares; marka é a federação que reúne ayllus; o conjunto de markas vai formar um suyo.

No Perú, passamos por Acomayo, um povoado esquecido no departamento de Cuzco, que embora contenha em seu entorno uma magnífica fortaleza inca (o Waqra Pukara) não desfruta das benesses do turismo que brotam em Machu Picchu, não muito longe dali. Creio que só pude suportar a longuíssima caminha até a fortaleza graças ao mais incrível e delicioso café-da-manhã da minha vida. A paisagem parecia contraditória com tanta fartura: montanhas bastante secas, em altitude de mais de 2 mil metros e pouca vegetação. Mas a culinária andina abusa da criatividade e do conhecimento adquirido em milênios para criar o diverso a partir do pouco disponível. Em um espanhol com um notável sotaque de quéchua, um senhor me explicava sobre o chuño (pronuncia-se “tchunho”), batata desidratada que pode durar por anos, geralmente estocada para comer no período do rigoroso inverno andino, quando há muita escassez. Nesse banquete, havia até inseto frito- há que ressaltar: uma delícia!

Não poderia esquecer do encontro com os índio chibuleos no Equador. Ali me cativou definitivamente a sabedoria indígena. Tivemos palestras sobre temas diversos relacionados à cultura e conhecimento tradicionais com sábios locais. Foi incrível conhecer seu Nazário Caluña (foto), homem com mais de 70 anos de idade, e um dos fundadores do movimento indígena equatoriano. Grande lutador, líder comunitário e nacional, intelectual, pesquisador e historiador de seu povo, que viajou diversos países para levar a cultura e luta dos povos nativos. Achei curioso que embora ele levasse nome ocidental, seu filho houvesse sido batizado com nome indígena. Justo ele, o primeiro da família a aprender a ler e escrever, que pôde ganhar o mundo mas não se esquecer de seu passado.

Seu Nazário me contava que quando pequeno sempre ouvia os indígenas sendo chamados de muitos nomes ruins na cidade e que a partir daí despertou sua curiosidade e quis entender porquê os tratavam assim. Muitos anos depois, tal curiosidade iria resultar no livro Os Chibuleos, no qual ele analisa diversos aspectos culturais da sua comunidade. Em sua fala atenciosa e lenta, de sua voz já carcomida pela idade avançada, fluía uma sabedoria simples e genuína, valorizando as tradições e se distanciando da arrogância de muitos intelectuais e políticos com que estamos acostumados.

Ainda no Equador, não só em Chibuleo, mas também em Cuenca e Cañar, pudemos sentir profundamente a espiritualidade indígena nas cerimônias oferecidas pelos taitas- “Não me chamem de xamã, pois esse é um nome dado pelos ocidentais” dizia um deles. Fiquei realmente impressionado como era possível olhar o mundo de uma outra perspectiva, onde os laços comunitários e o amor à natureza vêm em primeiro plano. Livrando-se dos preconceitos e etnocentrismo é possível abrir a cabeça e valorizar outros tipos de conhecimento, ao invés de ficar restrito ao pensamento ainda eurocêntrico ensinado nas escolas e universidades. Sem querer desprezar o conhecimento acadêmico ou as contribuições da cultura européia mas, afinal, não somo frutos justamente da misturas entre as culturas indígenas que sempre estiveram aqui, dos povos africanos violentamente despejados em nossas terras, dos imigrantes europeus, orientais e árabes?

Talvez um grande equívoco seja querer medir com as réguas da modernidade conhecimentos que se sustentaram por milhares de anos. Nas últimas décadas intensifica-se a visão dos mais velhos como ultrapassados, inúteis ou improdutivos, portadores de valores antiquados, mão-de-obra desatualizada diante das novas tecnologias ou um peso com que as famílias e governos (saúde, previdência) têm que arcar numa sociedade onde a expectativa de vida não para de crescer. É uma idéia tão moderna quanto contrária ao que foi construído em grande parte das culturas mais antigas do planeta, que geralmente associam longevidade com sabedoria.

A valorização dos saberes tradicionais e não só o respeito mas também a admiração pelos idosos é indissociável da cultura ancestral sul-americana, está presente na fala e na atitude de crianças, jovens e adultos. Não há exatamente essa separação explícita entre passado e presente, os ancestrais falecidos são consultados nas cerimônias espirituais, são parte da construção e da identidade de cada índio e a razão de ainda estarem vivos como povos e culturas.

Conversar com os mais velhos era a melhor forma de aprender em sociedades que não conheciam a escrita e muito menos outros tipos de tecnologia. Um jovem indígena colombiano sintetizaria: “Os anciões são como bibliotecas ambulantes. Se morrem, morre todo o conhecimento que guardam. E se nós jovens não buscamos e aprendemos com os mais velhos esse conhecimento se perde, é como queimar uma biblioteca inteira”. E nós, quantas bibliotecas não estaremos queimando diariamente?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A revolução (não) será televionada. Aqui também.

Acabo de assistir o Jornal do Almoço e fico intrigada com uma coisa: por que será que não saiu informação sobre os casos do Banrisul e do brigadiano que estão acontecendo extamente neste momento, exatamente neste Estado e exatamente nesta Cidade (digo RS, Poa)? Talvez não tenha dado tempo, já que tinham reportagens muito mais essenciais, como o galo vestido de gaúcho no acampamento farroupilha ou o motorista bebâdo que eles flagraram e reclamaram que não tinha policial (por que eles não avisaram a polícia?) ou o incrível caso do casal que vive próximo a uma estrada e que vive da agricultura!!!!
É difícil mesmo ter que escolher prioridades com tantas coisas interessantes acontecendo. Aí eu me lembrei de um documentário feito por dois irlandeses que estavam na Venezuela em 2002... Não sei por que, mas alguma semelhança entre estes casos todos que estamos vivendo hoje, nestas eleições no Brasil, e o da tentativa de golpe na Venezuela no referido ano, deve existir...
Posto aí o documentário que retirei do Google Vídeo. Os comentários também.
Hasta!

Em tempo: aqui, no RS Urgente, uma das notícias que a RBS poderia ter transmitido.

"The revolution will not be televised" (A revolução não será televisionada)

O documentário "The revolution will not be televised" (A revolução não será televisionada), filmado e dirigido pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O'Briain, apresenta os acontecimentos do golpe contra o governo do presidente Hugo Chávez, em abril de 2002, na Venezuela. Os dois cineastas estavam na Venezuela realizando, desde setembro de 2001, um documentário sobre o presidente Hugo Chavez e o governo bolivariano quando, surpreendidos pelos momentos de preparação e desencadeamento do golpe, puderam registrar, inclusive no interior do Palácio Miraflores, seus instantes decisivos, respondido e esmagado pela espetacular reação do povo. Vídeo com legendas em português.

domingo, 5 de setembro de 2010

Viva o povo brasileiro!

Acabo de ler este texto do Emir Sader no blog dele na Carta Maior. Tem a ver com o que eu estava escrevendo agora (embaixo)... Muito bom!

Massacrado pelos monopólios da velha mídia, desinformado sobre o país, vitima das mentiras reiteradas da oposição midiática, o povo brasileiro demonstra nestas eleições um grau de consciência política e de maturidade cívica exemplares. Consegue distinguir o essencial do secundário, opta pela prioridade das políticas sociais sobre a absolutização do ajuste fiscal, condena os políticos responsáveis pelos governos desastrosos do passado, opta pelo Estado como indutor do crescimento e da distribuição de renda.

Reconhece em Lula e na Dilma os principais responsáveis pelas mudanças positivas que o pais vive, execra a FHC, a Serra, à Globo e aos seus aliados da velha mídia, não dando bola para seus factóides e deixando-os na solidão do seu golpismo. O povo reconhece os avanços principais que o país teve, assiste os programas da Dilma na TV, comparece aos comícios de Lula e da Dilma, e se reconhece, sabe que tudo o que se mostra e se diz reflete as mudanças de vida que estão vivendo no seu mundo sofrido e até aqui abandonado.

Não deram ouvidos para as infâmias da oposição e sua velha mídia, de preconceitos contra as mulheres – que hoje majoritariamente também preferem Dilma -, contra os lutadores contra a ditadura, contra os movimentos sociais e os militantes políticos, que saem todos engrandecidos com o apoio popular.

Derrotados saem a Globo, a Veja, a FSP (Força Serra Presidente), o Estadão e todos os arautos do golpismo, do velho Brasil, das oligarquias tradicionais, com seus métodos de manipulação da opinião pública e de desprezo e discriminação pelo povo e por tudo o que é popular.

O povo percebe a diferença entre a demagogia opositora, não dá ouvidos a quem pretende ser eqüidistante dos dois campos em luta, relega ao ostracismo os que pretendem que nada mudou no Brasil. O povo não é bobo, encontra em Lula e na Dilma as vertentes do futuro, reconhecem a valorização do Brasil, sentem a auto-estima revigorada, superam o desalento, voltam a acreditar em si mesmos e no país.

Por isso o povo impõe a mais acachapante derrota às elites tradicionais, com sua velha imprensa, seus políticos caducos, sua demagogia superada. Derrota os caciques tradicionais que os enganaram durante tanto tempo, mandam FHC para o exílio e Serra para a aposentadoria, os tucanos para o museu da história.

“Esse povo de quem fui escravo, não será mais escravo de ninguém”, pregava e previa o Getúlio na sua Carta Testamento. Quem não reconhece esse povo, que começa a construir sua soberania, sua emancipação, seu destino próprio, suas formas solidárias de vida, está de costas para o país e merece ser derrotado fragorosamente nas eleições deste ano.

Sobre o Brasil e as eleições

Hoje li duas matérias falando sobre as eleições. Uma do IHU (Instituto Humanitas Unissinos) que reproduzia texto falando sobre o posicionamento do jornal Brasil de Fato em relação aos candidatos e outra do Vermelho, falando sobre uma eleitora da Dilma.
As duas muito boas e, para mim, de certa forma, complementares. Lendo as duas, fica mais fácil de entender, mas vou expor aqui alguns dos meus argumentos:
O Brasil de Fato reproduz uma idéia fiel aos princípios da esquerda mais "radical", que é mais crítica e, talvez por isso, mais distante (pois assim deve se manter, para poder ser crítica) do poder. Ele analisa a "era Lula" como um período de desmobilização dos movimentos sociais, não em função do Lula, mas de um contexto histórico mais amplo:

"A classe trabalhadora brasileira vivencia uma longa etapa de refluxo do movimento de massas, que vem desde a derrota político-ideológica para o neoliberalismo e a vitória dos governos Collor-FHC. Então, há muita confusão ideológica e divisionismo, pela derrota política sofrida pela esquerda e pelo abandono das ideias socialistas por muitos setores que levam a desvios oportunistas entre candidatos de todo tipo.
Além disso, há uma desarticulação política das organizações de massa, que reduziram seus programas."

Nesse sentido, tem-se o fato de que os movimentos sociais "não conseguiram ainda influenciar e determinar o debate entre os candidatos". O governo Lula, assim, atingiu os trabalhadores que estão distantes desse processo mais crítico e politizado e, portanto, são mais "fáceis" de agradar. A indiscutível melhora da condição de vida desta parcela da população gera um apoio massivo à política de Lula. Estes argumentos estão embasados nas idéias do cientista político André Singer, que deu entrevista para o jornal. Ele afirma que "é a letargia das massas que apoiam o melhorismo. E são a maioria da população."
É neste ponto que entra o segundo texto a que me referi. Nesse texto, uma mulher de 47 anos explica sua preferência por Dilma a um jornalista do Jornal da Tarde, de São Paulo. Aqui a entrevista:

JT – A senhora acha que a Dilma tem experiência política? A candidata não depende muito do Lula?
Neusa- Ela é como a gente. Acho que ela pode aprender como ser uma boa presidente. Ela vai se virar bem sem o Lula.

JT – E o passado dela? Ela participou da luta armada…
Ah, meu filho, isso não interessa muito, não. Além do mais, faz tanto tempo. E acho também que as pessoas mudam.

JT – A história do Mensalão do PT não incomoda a senhora? E ela ter o apoio do Zé Dirceu, do Sarney, do Collor…
Acho que todos os políticos são a mesma coisa (ri). Quem fez coisa errada tem que pagar e pronto. Agora, vai dizer que só tem gente boa do lado do Serra?

JT – E essa história da quebra de sigilo na Receita Federal?
Isso aí, não sei. Mas imposto é segredo? Achei que não era, que todo mundo sabia.
Em outros trechos que estão no site, ela também afirma que "não identifica Lula ou Dilma como sendo do PT, mas políticos em que ela confia. Expressões como “gente como a gente” e “cara boa” fazem parte do discurso dela."
Por que Neusa não vota no Serra? Ela diz que “não vai com a cara” e não tem nenhuma empatia com ele. “Não acredito naquilo que ele fala”. (trecho da matéria)

É claro que as perguntas "nada tendenciosas" do Jornal queriam outro tipo de resposta, mas o que se pode ler é fantástico! E acrescenta um outro elemento à análise, além dos apontados pelo Brasil de Fato: a identificação. Não enquanto mulher, mas enquanto classe.
Mesmo que os movimentos sociais mais críticos estejam, de certa forma, desmobilizados e que o governo represente uma ampla gama de interesses, muitas vezes antagônicos, é a primeira vez que pessoas vulgarmente chamadas de "povo" se identificam com seus representantes. E este fenômeno, a meu ver, é muito positivo. Todos os nossos ex-presidentes, inclusive Getúlio Vargas, tinham uma identificação e uma ligação muito mais forte com a também vulgarmente chamada "elite", mesmo que o Jânio Quadros se esforçasse para parecer "povão". Não é, ou pelo menos para mim não parece ser, o mesmo sentimento que já houve nos governos populistas de paternalismo e idolatria. É algo como "estar lá de fato", pois "tem alguém como eu lá". E eu gosto disso porque os brasileiros sempre tiveram muita vergonha de si mesmos. A "elite" tem vergonha do Brasil, sempre tentou imitar os "civilizados" (claro que escrevo isso de forma irônica). Os mais pobres sempre tiveram vergonha de si mesmos, sempre tentaram imitar a "elite". E a "elite", bondosa, enche eles de novelas, para que possam copiar sem ser iguais. Mas raramente se viu uma vontade de fazer melhorar o que é seu, de um jeito só seu, sem espelhos, mesmo que com modelos totalmente passíveis de adaptação.
A visão crítica dos movimentos sociais está distante do centro do debate? Sim. Mas creio que estamos vivendo um momento "ponte" onde, depois de 500 anos, talvez possamos construir de forma coletiva e solidária (e não acho que isso seja uma utopia), mesmo com toda a mídia golpista trabalhando para os poderosos de sempre, um caminho alternativo, que mistura idéias de um capitalismo liberal com um capitalismo mais social e algumas pitadas de socialismo. Com certeza não deve ser o ideal e muito ainda vai ter que ser feito, mas já foi visto (e o Brasil é o exemplo disso) que as coisas construídas de cima para baixo, sem uma base forte, não se sustentam.
O capitalismo é desigual e injusto? Claro que sim, e jamais deixará de ser. Mas o que discute hoje são alternativas VIÁVEIS e que não excluam totalmente nenhum grupo, mas parcelas deles, que por motivos óbvios, não se encaixam no modelo de nação realmente soberana e definitivamente muito menos injusta que queremos.
Bem, um monte de outros argumentos ficaram de fora e talvez pulem para dentro mais adiante, mas por agora era isso.
Hasta!